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11 de Setembro
11 de setembro de 2013

 

Perto de completar doze anos da tragédia do dia onze de setembro, acabei assistindo um documentário chamado “102 minutes that changed America” (traduzido para “102 minutos que mudaram o mundo”). Por questões que talvez sejam de puro egoísmo ou de autopreservação, não costumo mais assistir a esse tipo de documentário. Sinto-me tão abalada, às vezes revoltada, com medo, e somado à sensação de impotência que vem logo em seguida, que há cerca de dois anos decidi conscientemente fazer parte daquele enorme grupo de alienados da nossa sociedade.

Quando morava na Alemanha, prestes a voltar ao Brasil, me peguei em pânico pensando sobre o que poderia vir a sofrer nesta volta. Me dei conta de que só via informações negativas na TV sobre o Brasil. Mas nunca tinha vivido qualquer experiência traumática em meu país, e aquele medo vinha de toda a tortura psicológica ao assistir tais notícias. Desde então fui diminuindo e classificando o que me permitia assistir. Percebendo o resultado que isso provocou em minha positividade, mantive a minha opção por “menos” informação. Mesmo sem qualquer sentimento de orgulho sobre a posição por mim assumida.

Mas hoje me questionei sobre o 11 de setembro.

Sabemos que uma parte do terrorismo internacional vem de uma crença radical ao islamismo. Assim sendo, sinto que somos obrigados a questionar a função da religião em nosso mundo. Pois terrorismo oriundo de religião não é algo realmente novo para uma sociedade que já viveu a inquisição.

Religião não deveria ser justamente amor? A qualquer Deus que fosse? À família e ao ser humano como um todo? Afinal, independente da religião, nomenclaturas e interpretações, todas elas dizem pregar o amor e a evolução do espírito. Mas a maioria delas ainda não prega a tolerância e respeito em relação às demais.

343 Bombeiros morreram no 11 de Setembro

Qual a função da religião então em relação à sociedade?

Também sabemos que relacionado à tragédia existem questões políticas e históricas que levaram países e grupos a se revoltarem contra os EUA e seus aliados de forma radical. Hoje já se fala até, que a tragédia tinha o conhecimento e envolvimento do governo americano.

Não venho aqui discutir política ou religião. Tanto para um quanto para outro, estamos cansados de saber que são as posições radicais que levam a sociedade ao caos em que tantas vezes se encontra.

Também não tenho conhecimento político, religioso, histórico ou econômico o bastante para ousar dissertar o assunto. Assumo minha ignorância em quase todo e qualquer assunto. Além da alienação proposital que me assegura a felicidade e ilusão de estar vivendo num mundo melhor.

Mas confesso que hoje chorei. Doze anos depois, ao assistir um documentário feito sem qualquer narração, apenas com imagens de celulares e todo tipo de câmera, somente com pessoas e situações reais, editadas de acordo com os segundos dos acontecimentos, confesso que sofri. Não sofri só pela história das mortes de centenas de pessoas, mas sofri ao ver a dor nos rostos de tantos semelhantes, nos gritos de surpresa e pavor daqueles que gravavam com seus aparelhos móveis o que viam pelas janelas de seus apartamentos. Sofri com dezenas de rostos olhando para cima os vários corpos caindo dos prédios. E tantos horrores mais. A sensação de medo e impotência no exato momento dos fatos.

Porque não há dor mais real do que aquela que se vê nos olhos e no semblante do outro. Quando a dor é tão profunda a ponto de nos sentirmos conectados a ela, ainda que não toque nossa vida diretamente, ela se impregna em nosso ser frágil e humano.

Pra tanta dor e caos, eu me questiono os reais motivos que levaram aquele acontecimento: foi mesmo o islamismo radical? A revolta dos povos que se sentem injustiçados pelos EUA? A política obscura e secreta da maior potência mundial? A conspiração que dizem existir por trás do ataque? Ou a mais pura ignorância e brutalidade?

Como proteger a sociedade de tamanha doença? Através de boa política? Através de uma religião que tolere todas as demais? Da educação? De mais guerras?

Sei de duas ou três palavras que resolveriam tudo isso: amor, tolerância e sabedoria. Algo que não se aprende na escola, que a política não impõe e que nenhuma religião conseguiu até hoje fazer sozinha.

Mesmo com toda minha falta de conhecimento, tenho a forte sensação de que as pessoas nascem propensas a conhecer de fato essas três palavras ou não. Algumas podem até ser influenciadas por elas de acordo com o que aprendem em suas vidas e em seus meios, mas outras jamais entenderão os sentidos das mesmas.

Sei que alienação em nada ajuda. Mas só conhecimento, política e religião também não têm resolvido o problema. Acredito que o que falta é a ação com o amor verdadeiro, seja com a educação, religião ou com a política. Esta poderá ser a vacina que nossa sociedade enferma tanto precisa.

E no fim das contas, depende de cada um de nós. O que cada um tem de melhor a oferecer: sua religião, seu conhecimento, sua política, mas seja o que for, que seja oferecido com amor, no dia-a-dia, todos os dias e a todo ser vivo.

O agir com amor, mais puro e verdadeiro, daquele que é sentido tão puramente a ponto de ser passado adiante. O agir aqui que reflete ali. Sendo ali alguém ou um lugar desconhecido. Não importa. Importa é que siga adiante.

Porque se a dor do outro pode nos impregnar, o amor pode, além disso, mudar o agir. Gentileza que gera gentileza, amor que gera muito mais. E assim por diante. Porque a nossa sociedade como um todo é em primeiro lugar o resultado do que nós mesmos somos.

Efeito borboleta.

Dê amor! Simples assim.

CAROLINA VILA NOVA

ESCRITORA E ROTEIRISTA, de Curitiba.

Contato: focuslife@playtac.com

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