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A Morte reveladora de abismos
28 de abril de 2014

 

"A morte parece menos terrível quando se está cansado."

Simone de Beavoir

 

Não há hesitação no Mal. Ele prolifera nas frestas da nossa vida. De fato não há em mim a crença absoluta na bondade. A morte é a sequencia natural da vida, mas a sua cronologia desafia leis, entendimentos e aceitações. E em verdade, posso ser censurada pelos meus pensamentos, mas não há lei que proíba cada um dos meus delírios e constatações.

As histórias do passado transitam pela nossa mente como ondas sofridas que avançam e recuam sobre as nossas areias emocionais. A inocência é ceifada paulatinamente sem obedecer leis brandas ou brutais. O que nos influi e a sutileza imponderável da dor. Afinal o que nos consome num dia é capaz de fortalecer outras almas por anos incontáveis.

O estado da nossa alma não possui um padrão ideal. Dos bons sentimentos e dos gozos amistosos, podemos recair nos testemunhos de dor e angústia que povoam olhos e palavras alheios. O que nos atinge é esse bem e esse mal e outras nuances amargas ou mansas que apresentam personagens débeis e valentes diante dos nossos ávidos julgamentos.

Tantos e variadíssimos estados emocionais. Não há rima cabível para um soneto e tampouco personagens que entrem num poema desenhado segundo as nuances afetivas necessárias e interessantes. O fato é quem teria ceifado as ilusões de afeto criadas naquele coração inexperiente e cheio de esperança. Qual seria o algoz - ouvinte da voz demoníaca e cruel...

A insigne cristalização do ego. O que o dinheiro pode determinar e estabelecer quando estamos enredados pela angústia insana. O que de nocivo pode dissolver a nossa moral e colocar para dormir o sonho de outras vozes. O desejo pelo amor não é uma tentação suprema. Depreciar a vida e ser devorado por ela requer um instinto malévolo e permissivo.

Há para os corações, como eu dizia, plenos de uma maldade assoladora – outros por sua vez trazem uma aparência de bondade. Porém na tela pintada pela ganância a besta para saciar seus terrores precisa consumir o que é bom. Exterminar qualquer visgo de bondade que possa florescer diante da sua perversão.

Consumir as entranhas com palavras e matar o espírito com pancadas de ódio. Sem testemunhas muitos pais matam seus filhos e muitos filhos clamam pela sanidade de seus pais. A corda tênue entre a esperança e a morte vai esticando ao limite difuso e esquivo de uma força que não pode ser igualada. Cada tensão e cada sutileza trazem o seu próprio fiel.

A matéria cósmica não explica e não faz compreender os vícios hediondos. A alavanca entre a benevolência e a ira estabelecem hierarquias que triunfam segundo as nódoas de cada criatura. As formas de mal são inesgotáveis e o delírio de que as coisas podres podem ser convertidas em beleza não funcionam através de chances e palavras.

O demônio deixou de ser anjo e não retoma seu estado natural. Uma vez excluído das celestes moradas o caminho se encerra. Carcomido pelo seu destino procura novos associados. Hipnotiza novos seguidores com suas pagas obscuras. No seu séquito crescente corrompe, envenena e transforma os espelhos e as aparências.

O crime ultrapassa as fronteiras visíveis. Consumido pelas aparências o fugitivo busca proteção e é conduzido aos braços da morte. O presságio alegre e doce foi enredado pela seiva venenosa. O filho dos pesadelos foi conduzido ao mundo apartado dos seus próprios sonhos. O “pai herói” não mais poderá angustiá-lo eis que a vida esgotada não cabe nos renascimentos.

A voz leprosa quer ser enredada na inocência. Como dimensionar a crueldade entre quem planeja a morte, executa a morte, deseja a morte e aquele que permite que a morte ocorra... Da sentença fatal nada esquiva. Os sexos que não deveriam reproduzir suas infâmias em outras almas se ocupam de devorar aquilo que não os favorece.

O mal que precisa ser reprimo se esconde em títulos, dinheiro e aparências. A sombra dorme no inverossímil. As pessoas são mortas num único solavanco ou restam envenenadas de maneira paulatina. Com suas almas adoecidas e infelizes procuram ajuda ou simplesmente se refugiam nos seus silêncios infinitos.

O pequeno sonhador foi devorado. E mesmo que as culpas sejam apuradas a sua vida não terá um novo destino. Seu ápice será o colo de sua mãe. Em seus túmulos ladeados no cemitério da pequena cidade interiorana. No entanto Bernardo pode ter muitos outros nomes e morar em outras cidades, países e lembranças.

A morte em seus trajes de interesse traz duas caras na mesma moeda singular. Um dia filhos mortos por seus assassinos paternos e noutro os filhos seviciam a vida de seus pais diante de seus interesses espúrios. Sem aprofundar o tema sobre a morte dos professores(as), namorados(as), avós(os), tios(as), amigos(as) e outros corações confiantes.

Disse Niccolo Maquiavel com muita propriedade que: “Os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio”. Os mortos jazem em casos televionáveis como Suzane Richtofen (31.10.2002), Giu Rugai (28.04.2004), Isabela Nardoni (29.04.2008). De toda sorte, a violência espreita também os Pedrinhos, Paulinhos e Zezinhos que morrem violados, espancados, explorados e em silêncio.

A eternidade não é um pertencimento e tampouco uma possibilidade. No inferno longe das palavras de Dante. Buscamos a redenção dos nossos pecados. Muitos como Pilatos lavam as mãos. Porém muitas mãos estão maculadas pelo sangue da omissão. Muitas almas aguardam a justiça ciosa da sua verdadeira e efetiva função.

Taís Martins

Escritora, MsC, e professora.

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