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A receita do dedinho podre
16 de julho de 2013

 

 

            Afinal, somos nós que escolhemos a pessoa por quem nos apaixonamos? Ou somos escolhidos? Acabo de ler no facebook algo que dizia: “Procure alguém que com milhares de opções escolha você”. Gostei disso! Porém, me deixam dúvidas os critérios usados hoje em dia na arte de escolher alguém. E digo arte, porque escolher uma pessoa de caráter e personalidade que não vai nos decepcionar tão cedo ou intensamente não é algo fácil. Fato é que, cedo ou tarde, sempre vamos nos desapontar com alguma atitude ou característica, nada mais normal. Porém, somos humanos e sensatos ao desejar que este momento demore e que não seja muito frequente.

            Eu particularmente ainda estou aprendendo tão refinada arte. Se houvesse curso de extensão ou de especialização na área, me matricularia correndo. Acho que sou um desastre tão grande nesta matéria que há algum tempo não escolho e nem me permito ser escolhida. Me reservo o direito de permanecer sem escolha alguma!

            Já cansei de ouvir coisas do tipo “esse tem dinheiro”, “esse não tem dinheiro”. Sempre achei e continuo achando que dinheiro não faz caráter nem personalidade. Pode mostrar sucesso e competência, como também a mais pura sorte do acaso: “acaso nasceu numa família rica”, “acaso se tornou político” e assim por diante. Eu tenho o hábito de gostar da pessoa e não do que ela tem.

            Biologicamente também estamos destinados a tal da “química”. Nunca esqueci um documentário exibido no canal GNT há anos atrás, em que várias experiências eram feitas para comprovar a nossa natural preferência pelo “belo”. Num dos testes, bebês eram colocados sozinhos numa sala, um a um, sentados em frente a duas telas de computador. Em uma das telas os nenéns podiam ver a nítida imagem de suas mães (pessoa mais amada pelo recém-nascido) e na outra tela os bebês viam a imagem da modelo Cindy Crawford. As direções dos olhares dos bebezinhos eram cronometradas. Resultado: eles preferiam a Cindy Crawford!

            E por isso eu digo: “se até os bebês preferem a Cindy Crawford, por que eu não vou preferir o Gianecchini ou o Zac Efron?”. Eu também sou humana! E adoro o que é belo! Provavelmente mais do que deveria. E não nego as contradições que essa tendência causa. Beleza não significa caráter. E nem personalidade.

            Há ainda o quesito inteligência, simpatia, maturidade. Geralmente requisitos fundamentais para as mulheres, diferente dos homens, que em grande parte, parecem olhar mais para o tamanho da bunda e coisas do tipo. Muitos podem ser os itens analisados na hora de se escolher uma pessoa: grau de educação, família, gostos musicais, idade, raça, religião etc.

            Acredito que muitas pessoas se debatem com todas essas características quando decidem procurar por alguém. E mais ainda, creio que nós, pobres mortais, lutamos contra os próprios instintos na tentativa de racionalizar tão difícil e delicada decisão.

O fato cruel é que o segredo para se escolher a pessoa certa simplesmente não existe. E por ironia dessa pobre vida, a receita para se ter o “dedinho podre” na hora da escolha não requer muitos ingredientes, quando não dirá apenas um. Quer ver?

Ainda que tenhamos a façanha de descobrirmos em uma única pessoa os melhores requisitos possíveis, nada nos salva de nós mesmos se nos depararmos com outro alguém que sabemos não valer tanto assim, mas que possui “aquele” ingrediente..., aquele... que mexe com a gente:  um sorriso, um olhar, um jeito de ser, ou até mesmo um simples suspiro.

E por mais que tentemos resistir, nada, mas nada mesmo, convence nossa mente a parar de desejar o tal sorriso, o tal olhar ou o tal suspiro.

É.., escolher não é fácil... e o “dedinho podre” tem poder...       

CAROLINA VILA NOVA

ESCRITORA E ROTEIRISTA, de Curitiba.

Contato: focuslife@playtac.com

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