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Ana Terra
30 de setembro de 2013

Rossana Ghessa, Ana Terra

    Após  os 58 filmes que participei, me pego refletindo sobre todas as personagens que já interpretei não apenas no cinema, mas também no teatro, TV, em musicais, e até mesmo em fotonovelas, fico nesse momento avaliando qual dessas personagens ficou mais presente, concluir então que todas de alguma forma me ajudaram  no meu crescimento como atriz, mas sem dúvida nenhuma, algumas delas tiveram uma importância maior que transcende a intensidade , mas é um conjunto de fatores como o clima mágico no processo de criação somado a produção no dia a dia das filmagens resultando num resultado final positivo e pronto para ser apresentado e comercializado. Após meses convivendo com uma equipe de profissionais que convergiam para o mesmo objetivo, numa sintonia muito familiar, começou a ficar a certeza de que esse trabalho de equipe cada um tem sua função e é também um pouco dono da obra, nos resta nos despedirmos dos colegas e profissionais até um próximo trabalho que na maioria das vezes é com outro elenco e outros profissionais, gerando então a partir daí uma saudade desse convívio.

    Sem a menor dúvida, a minha personagem Ana Terra, toca me profundamente até hoje. Especialmente, porque toda a macro mídia vem divulgando o filme: O Tempo E O Vento... de Érico Veríssimo,  onde Ana Terra faz parte dessa trama, e estou sentindo  uma emoção estranha. É como se estivessem usurpando algo que só a mim pertencia durante tanto tempo, como se estivessem falando de uma pessoa que me é até hoje muito especial.

     Os meus sentimentos foram se mesclando, havia uma sensação de que se referiam a mim, ao mesmo tempo que isso gerava orgulho antagonicamente me gerava também ciúmes, nessas caldeirão de sentimentos meu racional sinaliza que é estranho porque Ana Terra é apenas uma personagem que vivi, a quem eu dediquei quase um ano da minha vida, emprestei meu corpo, minha voz, para que a verdade da alma de Ana Terra penetrasse no meu ser durante as filmagens em Cruz Alta, uma pequena cidade nos pampas gaúchos  que é a terra do genial Érico Veríssimo. Durante as filmagens, meu pai faleceu no Rio de Janeiro sem que eu soubesse pois não havia telefone para nos avisar, nossa comunicação era realizada através de rádio amador  e para ser realizada essa comunicação, com família distante, tínhamos que agendar uma hora e podendo se esbarrar com a imprevisibilidade de que nem sempre o rádio funcionava. Mesmo que tivessem conseguido falar comigo, não teria tempo para chegar no Rio de Janeiro.

 

Rossana Ghessa e Geraldo Del Rey, o ìndio.

    Outras emoções marcantes retornavam a superfície da minha alma nesse momento, lembrando que vi um ator quase morrer enforcado em cena, o diretor Durval Garcia  ser atropelado por uma vaca enfurecida. Fiz novos amigos, passei noites acordada por sentir uma ansiedade natural que antecedia a cena da curra que Ana Terra sofreria. Além disso, um lampião de querosene quase explodiu na minha cara porque alguém equivocadamente trocou o querosene por gasolina, mas meu Anjo da Guarda sempre esteve muito atento aliado a intuição de amor do diretor que gritou um sonoro:  "Corta" quando eu ia me aproximar do lampião e pediu para que conferissem o líquido.

    Toda esse meu relato,  me faz concluir que a Ana Terra que eu defendi, não poderá ser vivida por outra pessoa pois além da destemida e forte, havia nuances da inocência , de um olhar puro que expressa um tom virginal que se esbarrava com um futuro incerto e misterioso mas com o coração cheio de esperança e amor  se fundindo com  os de Rossana.

Rossana Ghessa

Atriz e produtora de Cinema e teatro

Contato: focuslife@playtac.com

 http://rossanaghessa.blogspot.com.br/2013/07/luciola-e-o-palacio.html

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