Playtac

Focuslife

Colunistas

Home / Focuslife / COLUNISTAS Voltar

Dores comuns
18 de setembro de 2014

"Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade. "

Bertrand Russel

 

 

Desejo de modo veemente que as dores virem passado e que as emoções vividas se tornem boas lembranças. A vida é um monta e desmonta. Nossa alma é parte de um quebra-cabeças universal. Sinto uma desordem emocional aguda e não posso responder as minhas próprias dúvidas. Tamanha é a desordem da minha alma.

Sigo por caminhos invisíveis. Perdida dos objetivos que permeiam meus pensamentos. Procuro ser sábia, óbvia, honesta, fiel... Eu não encontrei apoio em nenhum dos extremos. Feneci com as verdades que imprimi na pele e descartei as mentiras que alegraram meus momentos. O que é óbvio é que sempre houve saídas e é nítido que nunca as encontrei.

Amei muitas pessoas, mas não me senti amada. Não procurei sentimentos de comiseração - no entanto - sobrevivi de migalhas lançadas sem intenção. E através delas imaginei possível sobreviver. Porém tudo o que é vazio sucumbe em pouco tempo. Minha derrocada enfim ocorreu. Sem chão, sem pão e com falsos amores.

Confissões duras que o espelho refuta. Os olhos desviam, mas nas lágrimas surgem todas as nossas histórias. Derramamos nossos espinhos na corrente sanguínea e diante dos dedos perfurados a alma resta atribulada e inerte. Observando os melindres das verdades mascaradas e suprimindo as mentiras engolidas.

Meu coração foi exaurido pelas emoções que eu escolhi. Entre enganos e confianças minha beleza é o transverso do meu verso. Minha sedução está no desprendimento. Não há encanto por “esporte”, pois todo o afeto é compromisso. O carinho em almas que conversam é sempre mais proficiente do que os corpos que se apaixonam.

O tempo como professor costuma ser minucioso. Por vezes amealhamos em nossas almas ensinamentos fulcrais para que na medida do possível a busca do equilíbrio seja uma tarefa construída paulatinamente. Porém o aprendizado só acontece quando estamos disponíveis e abertos para esse encontro. Nosso medo e os exemplos do passado nos seduzem com suas mágoas serenas...

O saber requer tempo intelectual e emocional – mesmo que seja sorvida por poucos privilegiados. O aprender recorre ao nosso organismo em sua complexidade e exige dos nossos afetos uma postura objetiva que segue em confronto permanente com as nossas subjetividades sentimentais. Muitas vezes colocamos a culpa nas consequências, mas ela estava na escolha.

Desejamos e não aceitamos. Pedimos e não concordamos. Espraiamos nossas insatisfações pelos quintais alheios e sem perceber abandonamos nossas flores ao sentimento comezinho do desdém e da comparação aguda e alheia da percepção pessoal. O “outro” nos encanta e abandonamos o nosso espelho. Nossas projeções corrompem a verdade daquilo que é feio ou belo...

Podemos suportar tantas e variadas dores que a alma quebrada não mostra sequer um traço das suas inefáveis desilusões. O que para uns é perfunctório para outras peles é superficial. A força motriz das nossas percepções nos retira do abismo do medo. O corpo vai submergindo de uma morte ficta. Abrimos os mesmos olhos diante das novas realidades.

Com uma profundidade além do abissal encontramos a força para reaver os sonhos, os amores e as conquistas que nunca nos pertenceram, mas que ainda assim ansiamos. Embalados pelo destino e pelo desejo singramos com as nossas forças e debilidades pelo caminho incerto da vida. Procurando encontrar o que os romances chamam de feliz para sempre.

A bagagem necessária é variável. Para uns os invólucros e para outros as essências. Não há certo ou errado. Bom ou mal. Há um caminho que pode levar para destinos incontáveis. Alguns mudam de endereço, mas nunca entendem a verdadeira conquista da partida. Noutras oportunidades as pessoas permanecem nas sombras perecendo diante do desejo de um dia partir.

 

Taís Martins

Escritora, MsC, e professora.

Contatos: 

taisprof@hotmail.com

  focuslife@playtac.com

SIGA 

LITERATURA e POESIA
Os caminhos da imaginação pela Escrita

Deixe seu comentário:

  • Eliane Prestes Serpe

    Incrível seu texto! Com certeza muitos de nós se encaixam nessas dores comuns,em algum momento da vida.Adoro seu refinamento ao descrever fatos corriqueiros.Tudo fica tão mais bonito ou menos feio e triste."A bagagem necessária é variável. Para uns os invólucros e para outros as essências."Posso usar essa frase?Com sua autoria é claro.No FB. BJ e Parabéns