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Em tom de cores
09 de setembro de 2014

Minha sobrinha me veio com “uma”, esses dias, que realmente me fez refletir. Frase “de Facebook” que dizia: “E até quem me vê lendo um jornal na fila do pão, sabe que eu te encontrei”. Eu acho que ela se referia ao fato da minha vida ser tão escancarada em meus textos, que até quem não me conhece, sabe o que se passa comigo. Se eu fico triste, eu escrevo. Se fico alegre, também.

Há anos atrás, vi uma cena de novela com Tarcísio Meira e Bruna Lombardi, onde a personagem da atriz dizia que sentia medo, por tanta felicidade que sentia. Em seguida ela morria e seu coração era doado para outra personagem da trama. Eu nunca me esqueci. Porque de certa forma, não é que ela tinha razão?

Não é fácil ser feliz, nem mesmo quando estamos felizes. Somo tão acostumados às dores e decepções do dia-a-dia, que quando algo bom acontece, nos sentimos desconfiados, prontos a receber uma nova rasteira.

Depois de uma longa fase de turbulências, um novo tom de cores chegou em minha vida. A felicidade é tamanha, que até medo dá. Afinal, quem é que está acostumado a ser tão feliz assim? Habituada as cabeçadas da vida, eu mesma, custo a me acostumar com o novo colorido.

Meus últimos anos foram marcados por uma enxurrada de mudanças drásticas. Mudança de país, estado civil, trabalho, amigos, casa e até mesmo sonhos. Enquanto eu tentava acompanhar o ritmo de uma mudança, outra logo já se iniciava. Adepta desde cedo às mesmas, confesso que gosto. Pois entendi ainda menina, que após uma mudança, todo sofrimento e dor se tornam força e alegria. De alguma forma, a vida sempre recompensa.

Mas quando olho para trás, tenho que dizer, que os últimos três anos foram realmente intensos. Me faz lembrar, que quanto mais o tempo passa, mais os anos se tornam significativos. Quando criança o tempo parece não existir. A adolescência nos apresenta outro ritmo com suas descobertas. Na vida adulta chegam os problemas de verdade. E daí por diante. Com o tempo, nenhuma vida fica mais fácil. A única coisa que pode ser diferente, é a maturidade que adquirimos durante os processos de nossas vidas, nos ensinando a driblar “as pedras” com um novo olhar.

O que quero dizer, é que, mesmo quando obrigados a encarar as dificuldades, esse caminho também pode ser visto como algo feliz. Uma vez que tendo a consciência da dança da vida, de seus altos e baixos, podemos vivenciar os problemas e mudanças profundas, sempre como um caminho para algo melhor. Não é ser conformista, mas a capacidade de se enxergar além daquilo que nos machuca num dado momento.

Se assim como sentimos medo num momento de felicidade, pela possibilidade dela acabar, da mesma forma devemos ver um período de sofrimento: ele também um dia acaba.

O que eu sei é que o movimento entre a tristeza e a felicidade é uma sina da qual não podemos escapar. Jornada incessante entre momentos bons e ruins, o que faz a vida diferente é o saber e aceitação. Nada está sob nosso controle! Mas podemos administrar a forma como encaramos os tons de cores ou cinzas.

Viver não é fácil e ser feliz, por vezes, também não. Porque no fundo, nosso medo não é da felicidade, mas a consciência da realidade da vida: nada é para sempre.

Viver é um revezamento constante entre altos e baixos, dores e alegrias, cores e cinzas. Sentir medo é normal, mas deixar de aproveitar é burrice!

Se o tom de cores está aí, nesse momento: aproveite! E quando ele se for, aproveite também! A vida nada mais é do que uma grande e poderosa escola de dança. São dois pra cá e dois pra lá. Entre um passo e outro, viva a certeza, de que ser feliz depende muito mais da sua forma de encarar a dança, do que a dança propriamente dita.

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CAROLINA VILA NOVA

 

ESCRITORA E ROTEIRISTA, de Curitiba.

Contato: focuslife@playtac.com

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  • INACAMPOS

    LEGAL...MUITO LEGAL SEU TEXTO CAROL ! e quanto à vida concordo plenamente que ela nada mais é do que uma grande e poderosa escola de dança. São dois pra cá e dois pra lá. Entre um passo e outro, viva a certeza, de que ser feliz depende muito mais da sua forma de encarar a dança, do que a dança propriamente dita. ENTÃO ... rsrsrss.........Aumente o som e balance...