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ENTRELINHAS
21 de maio de 2013

 

O amor é uma busca ou um encontro factível de almas e de emoções que nem sempre cabem em folhas empilhadas na estante da sala. Um escritor sofre, pensa, chora e sente. Mas nem todas as histórias que retrata são por ele vividas. Um partilhar de casos e entrelinhas que nem sempre estão plenas de sua caligrafia e identidade emocional.

O afeto tem muitos custos. Ela era jovenzinha. Quase 18 anos de idade. Estava na faculdade já fazia um ano. E logo no primeiro dia de aula, desocbriu se apaixonada por um dos veteranos. Que grande tormento. Afinal, como revelar seus sentimentos e ser ainda a melhor aluna da classe. Afinal tantas batalhas e lanches gelados para ocupar aquela sala.

Um dia imbuída de coragem e determinação, comprou um perfume novo. Arrumou os cabelos de um modo diferente e havia nos seu caminhar uma atitude que nada tinha de específico com o sapato. E nesse enredo seu coração enlouquecido ficava preso entre a língua e os lábios na espera milenar de que ele saísse para o intervalo.

O momento era então chegado. E lá estava ele. Lindo - com seu charme tímido. Ao dar um bom dia provocara uma profusão de palavras na jovem. Que falava sobre o tempo, as aulas, as provas futuras e sobre o futuro. Num sobresalto ela com o coração quase desesperado perguntara o que faria o jovem mancebo no final de semana.

Curiosa à vida – onde as perguntas nem sempre trazem na sua resposta aquilo que seu interlocutor espera. Uma sentença proferida sem nenhuma cerimônia. Aquele rapaz comentava feliz que visitaria a noiva no final de semana, pois subiria ao altar em breve. E naquele minuto cheio de uma eternidade vazia - a menina imprimiu um sorriso nos lábios.

Uma ausência estava no seu olhar. Seus pés deveriam levá-la para longe, mas era preciso encerrar a conversa. Dizer que desejava felicidade quando na verdade ela queria dizer que daria toda a eternidade por um beijo. Um conflito digno de cinema, mas sem trilha sonora e final feliz. Ela se despediu com um sorriso e com lágrimas na alma.

Há uma irritante eternidade aos 17 anos. Pois, aquele minuto ficou impregnado naquela menina que sonhava em ser feliz. Porém, só cabia esquecer aquelas sensações de esperança e de tristeza - seguindo os romances que ela gostava tanto. Em breve o felizes para sempre seria dito para outra Cinderela e era sabido que a jovem borralheira ficaria sem o seu príncipe.

O amor conserta tudo. Mesmo que as lágrimas nunca tenham confessado nada. Ela sentia uma dor imensa no peito. Entre sorrisos e trivialidades eles conversaram mais um pouco nesse dia. E em muitos outros. Inúmeros assuntos - entre eles os arranjos do casamento. Naqueles lindos olhos havia sonhos que mantinham aquele coração mais calmo.

A vida com seu traço meticuloso seguiu sua inexplicável cronologia. Fez juntar novos casais. Houve casamentos, pois ela também procurou alento em outro lar. Encontros e desencontros, pois tudo tem começo, meio e fim. Na flor inefável da vida – fato é que – as coisas tem cores e brilhos que nem sempre somos capazes de dominar.

O amor verdadeiro  não morre. Ganha contorno de amizade, admiração, carinho e de saudade. Por vezes aquela fotografia antiga é capaz de propiciar um teletransporte para um momento especial que vivemos e queremos recordar – ou quiçá um momento que nunca vivemos na realidade, mas que nosso coração sempre desejou.

O amor não pede licença – ele simplesmente se instala em nossa alma. Partilhando o nosso peito em emoções antigas e novas como um condomínio de ilusões. Lá vivemos ou partimos ao sabor daquilo que a vida nos permite sentir e reinventar. Quem de nós não acalenta um amor da juventude como um segredo irrevelável?

Vejo através daquela menina desilusões inapagáveis. Há em seus lábios palavras que guardará para sempre e que sua fibra moral nunca permitiria que ela dissesse. Havia coragem no seu medo, pois era melhor o carinho de um amigo do que o desprezo de uma família que já existia nos planos do seu inalcançável amado.

O perfume escolhido para aquele dia permaneceu em sua pele. Outros sapatos e outras atitudes foram impostas para aquela jovem. Procurou nas frases poéticas uma reconstrução emocional. Seguiu seus instintos em busca da felicidade. Mas no final de uma tarde de verão ao encontrar com o seu passado revelou todas as suas inapagáveis e imorredouras emoções.

O vento abriu as suas velas entre o passado e o futuro. Nada há de seguro entre uma margem e outra do rio. A jovem mulher velejará então  - por mares de sonhos e realidade - e somente a passagem das águas, brisas e ventanias será capaz de responder sobre as história que será escrita. O coração que tanto desejou terá então a chance de sentir a sua própria história.

Taís Martins

Escritora, MsC, e professora.

Contato:  taisprof@hotmail.com

Contato: focuslife@playtac.com

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