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Julgamento
02 de julho de 2013

 

Intrigante a tenacidade com que algumas pessoas atiram suas opiniões em nossos sentimentos. Com mesquinhes nas entrelinhas e veneno nos lábios nos condenam por suas ações. Aplicando os seus julgamentos comezinhos nas vidas alheias. Como se todos nós fossemos construídos da mesma matéria moral...

No meu hábito silencioso de observar as pessoas. Evito julgá-las. Em regra me esforço para adentrar suas histórias e sentí-las de modo que possa ajudar. Caso contrário se o contexto estiver disperso da frivolidade. Tento reproduzir algumas almas. Através da minha insistente arte de sentir e sorver o que se avizinha de mim...

Tenho medo das línguas elogiosas. Que através de seus olhares perturbam as suas intenções. Mentem de modo deslavado. E confundem seus intentos entre o que constroem por mal e desconstroem o que foi feito com bondade. O mal prolifera de modo muito rápido e contra eles as defesas são frágeis e por vezes cansativas.

Desse modo, inúmeras histórias negativas são amealhadas. Amores são desfeitos antes mesmo de começar. Amigos não perdoam e não são perdoados. Colegas de trabalho são demitidos enquanto outros recebem promoções indevidas. Pessoas que mal conhecemos choram suas amarguras pela rejeição verbal ou visual

Os julgamentos ocorrem diuturnamente. Somo observados com cautela por algozes e por desavisados. E a saída recomendável desse tobogã emocional se perfaz em ignorar. Afinal o que pode haver de mais angustiante para quem deseja a sua vida e sua alma do que não existir nelas.? Não devemos colecionar cacos de vidro no lugar de emoções.

Em muitas ocasiões eu sorvi vinhos maravilhosos em companhias patéticas. Noutras engoli um café sofrível com corações magníficos. Em suma. Não há receita. É necessário apenas coragem. Coragem para vencer os medos e não deixar de amar. De recomeçar. E porque não dizer encorajar a liberdade... Afinal quem deseja aprisionamentos desconhece o amor.

Não se aguarda decisões nobres de corações apodrecidos. E não se ensina caráter. Ele é intrínseco. Quem semeia coisas ruins oferta o seu melhor. Não podemos aguardar que uma planta cheia de espinhos – mesmo sendo bela. Ainda assim vai furar nossas mãos. Em suma. Podemos observá-la. Mas não devemos nos aventurar a tocá-las...

Perene é a alma que não sucumbe pela amargura. Que permite a subjetividade das emoções. Aquela alma capaz de compreender um sim – um não – um talvez – um para sempre e uma até breve. Somos atores da vida, mas tampouco somo donos dela. Podemos desejar que o sol seja a força no céu. Mas a chuva reborda as nuvens em tempos de inverno.

Qual o julgamento para uma criança que quebra todos os seus brinquedos. Remonta-os. Dizê-la-ia criativa. Outros, porém mencionariam que desde a meninice essa alma “em aprendizado” é afeta a destruir as coisas. E que certamente (condenação imediata) será uma pessoa que não valorará seus bens. Seus afetos e seus amigos.

Uma condenação prévia para os andarilhos. Que passam a vida amealhando latinhas. Cachorros. Cobertores rotos e roupas sujas. São fracassados por certo. Nada podem oferecer. Permitiram que a “vida” fosse uma derrota. Quanta leviandade em recusar a mão para uma alma que sente ter perdido seus bens mais valiosos.

Imagino as hipóteses para uma atitude dessa natureza. Quiça um julgamento de seus entes queridos. Da mulher que ele amou e que não o amava. Um filho que tenha partido muito cedo da vida. Mas para que escutar? A condenação é simples e breve. Não propicia nenhuma responsabilidade. Ou uma responsabilidade que nunca é assumida pelo “nobre julgador”.

Não se deve poupar também dessa análise – “aquela mulher”. Que se entrega a qualquer amante. Como é leviana. Não se porta como recomenda a sociedade. Não respeita nada e nem ninguém. Fico cismando sobre a sua intimidade. O que sente quanto as portas do publico se fecham e no seio privado ela chora revendo as fotos da vida que não se cumpriu.

E por fim – a menina cheia de sonhos que se vestiu e perfumou para encontrar o namorado. Sobrelevou as traições dos seus antigos companheiros e num lusco fusco estava cheia de vida para acariciar seu eleito. Mas ele não veio. Mentiu deslavadamente. E ela por vingança se dedicou para outros abraços. Seria falta de caráter dela. Ou ausência de amor dele.?

Muitos são os convescotes da vida. Em inúmeras oportunidades seremos avaliados pelo nosso sorriso. Pelo sapato. Pelas músicas que gostamos e aquelas que nos fazem náusea. Nosso peso será nosso calcanhar de Aquiles – afinal a beleza tem numeração socialmente estipulada. Pena que as línguas não passem por esse processo. Quanto mais veneno – maior o silêncio.

Meus julgados ficam apartados da minha boca. Muitas vezes sou traída pelos meus pensamentos. Porém antes de desferir adagas nos corações vizinhos. Eu coloco o meu peito no alvo. Pois sempre há um retorno daquilo que plantamos. Certo é que há diferença entre medo e ética. Algo insofismável...

Por fim já apresentando minha vida ao meu julgamento. O aprendizado não precisa ser uma dor constante que mortifica a alma. Entendi que entregar meus sorrisos não é o mesmo que entregar meu coração. Cada um de nós responderá por suas escolhas ao seu tempo. Nunca serei fiel à outra pessoa. Pois nunca fui infiel aos meus princípios... essa é minha história..

 

Taís Martins

Escritora, MsC, e professora.

Contato:  taisprof@hotmail.com

              focuslife@playtac.com

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Deixe seu comentário:

  • Tais Martins

    Denise querido a dor das palavras por vezes está nos olhos de quem lê... bjs

  • Denise Maria Mendes

    Contundente, sem ser ferina, realista sem ser sarcástica. A constataçäo pura e simples de se estar exposta diuturnamente aos pseudo-juízes de plantäo da vida alheia, que tudo vêm, tudo sabem, mas nada sentem além de suas próprias incapacidades de amar o próximo.