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Literatura Greco-romano
20 de abril de 2013

Um breve ensaio sobre a literatura greco-romana

By Tais Martins

O ensaio proposto tem a pretensão de falar sobre “alguns” personagens que foram ao longo da história “fagocitados” pelos pensadores mais conhecidos e chamados de ilustres. O plano de ação visa abordar contornos históricos e filosóficos com o fito de apresentar uma linha meramente ilustrativa sobre a transição do pensamento grego para o pensamento romano.

A literatura grega como nos ensina Carpeaux é um monótona no que concerne aos assuntos, às poesias épicas reproduzem seu eixo central. Três são os vértices da poesia grega. A poesia de coro, a elegia e a poesia lírica. O acompanhamento musical dá efeitos para transitar entre as paixões avassaladoras e as vitórias da democracia. Mas cada autor grego trazia o seu contributo de modo particular.

Homero, um poeta da Grécia Antiga, no século VIII a.C. É autor de duas das principais obras da antiguidade: os poemas épicos Ilíada e Odisséia.

A fama de Homero resta perpetuada através da Ilíada e da Odisseia, mas é mister indicar que  Homero é grego, mas não lança sua bandeira. A única cena que traz algum sentimentalismo com o fim de Tróia é a despedida entre Heitor e Andrômaca. E esse sentimento também se mostra em Odisseia na cena da viagem de Ulisses pelo Mediterrâneo em busca da pátria.

Tróia da Ilíada: Corpo de Heitor sendo levado de volta a Troia – Alto relevo romano em mármore, detalhe de um sarcófago

Safo falava das paixões violentas, enquanto Hesíodo era um poeta didático que versava sobre a vida cotidiana através da agricultura e da criação dos filhos. Cada um desses autores desenvolve os seus pensamentos sem deixar de lado a temática cultural e política. O grande legado grego está espraiado na dinâmica da democracia. Sem esquecer, no entanto, o comportamento humano.

Com exceção da obra de Píndaro é dificílimo abordar a poesia grega e reconhecer os traços firmes de cada poeta.  O teatro grego é de origem religiosa. Píndaro, Sófocles e Eurípedes apresentam personagem e histórias que pertencem a todos os componentes do seio social – sentimento esse aclarado pelo conhecimento de Orestes e Prometeu, Édipo e Antígona. Com destaque para a explorada riqueza de Medéia que virou Joana pelas mãos de Chico Buarque de Holanda em Gota d’ água.

Quando mencionamos o teatro grego notamos que ele é lírico e retórico. As grandes obras estavam destinadas as altas classes sociais. Enquanto as demais obras traziam o debate parlamentar influenciando o público através do entretenimento, mas trazendo firmes os contornos da religião e do Estado. Situação essa - que historicamente se reproduz na modernidade, mas que deixaremos para um futuro ensaio.

Ésquilo traz em seus escritos o panorama de mudança social – não se trata de destinos individuais, mas coletivos. A religião, a política, e Estado e a família se confundem. A vida humana e o mito confluem e os deuses chegam a participar dos atos forenses – exemplo disso  está na força trágica de Os Sete contra Tebas – onde Etéocles e Police dividem o mundo em divino e humano.

Eurípedes comove - para Aristóteles ele é o poeta mais trágico. Vai modificando o mito entre religião e Estado e apregoa a democracia que Aristófanes acreditava. Há então o rompimento com o coletivismo e o individualismo ganha então novo contorno. Coisas que a tragédia através de seus autores não mencionava como conflitos sexuais e a condição social dos desvalidos. Suas grandes personagens são mulheres – Fedra, Ifigênia, Alceste. Hipólito é a primeira tragédia de amor na literatura universal.

Aristófanes não é profundo, mas é conservador. O seu fito é a identificação do Estado e da religião no esteio de Ésquilo e também traz alguns traços de Píndaro em relação ao corpo e ao espírito. E justamente por isso com seu ideal ético e com a busca dos mitos se distancia do espiritualismo de Sócrates e do individualismo de Eurípedes. A relação entre o mito e a vida começa a desaparecer nesse momento. A comédia assume então o papel de questionadora dos deuses e divindades sem obedecer aos conteúdos até então característicos do Estado Ateniense.

Heródoto surge com seus escritos já sob a dominação persa. E seu intuito era criar o “lugar na vida”. Criou Leônidas e as Termópilas, Salamina e Maratona. Elaborou uma nova tradição literária, pois a retórica foi então substituída pela reportagem. Surgem os grandes novelistas e a luta dos gregos contra os persas fala de moral e acontecimentos fabulosos.

Tucídides chamado de Maquiavel do mundo antigo. A verdade histórica começa a surgir após a Guerra do Peloponeso e sabemos nós que Atenas sucumbe. O discurso de Péricles culmina na catástrofe grega. A ambição do poder e a tragédia perde o senso de moralismo, mas sim de uma nova concepção de prática política. É primeira grande tragédia moderna.

Platão e seus discursos ultrapassam os limites literários até então mencionados e o referido autor se torna o maior criador de mitos da literatura universal. O único poeta que dele se aproxima séculos depois  é Dante na Divina Comédia. Ele busca enfatizar os “tempos felizes” e cultua a criação da utopia. Ou seja, seu real intento é renovar o “mito” e fez isso através de Protágoras e Górgias no Mênon. No Timeu fala da Atlântida perdida como a Grécia estava por ser. Na República surge a caverna mítica. Sua tônica não é de todo compreensível, pois se trata de uma realidade religiosa ou uma verdade filosófica?. Termina sua obra falando do Estado utópico que congrega a beleza e a justiça. Mas destaca-se que Platão era um poeta. Lísias e Isócrates foram seus grandes opositores. Lísias o grande orador forense que faz o discurso de acusação contra Eratóstenes. Isócrates elaborou Panegyrikos, o Aeropagitikos , e o Panatenaikos  que serviram de modelo para a eloquência barroca.

Platão, em detalhe da Escola de Atenas, de Rafael Sanzio. Satanza della Segnatura. Palácio Apostólico, Vaticano.

Aristóteles por sua vez tencionava corrigir os erros de Platão, mas descobriu que eles eram indestrutíveis. Os escritos filosóficos indicam que as controvérsias estão pautadas no reflexo da mente humana e a dialética de seus próprios conceitos dificulta um julgamento puro por parte dos críticos. Aristóteles era um filósofo racional. Mas dele literariamente muito se perdeu restando apenas cadernos e notas de aulas. Mas não se pode olvidar que foi o grande criador das fórmulas filosóficas.

Ilustração do Mito da Caverna, de Platão

Demóstenes não teve o mesmo alcance de Cícero. Sua escrita belicosa que reproduziu a luta na Macedônia contra a unificação da Grécia. Reúne em seus elogiados escritos os traços de Lísias e Isócrates. Com o suicídio a retórica-grega ganha os mestres escolas representados por Xenofonte na sua obra de pedagogia política nominada de Ciropedia. A Grécia perde então o conceito de centro do mundo. A vida se torna burguesa e os valores apregoados tornam-se corrompidos.

Menandro, Filêmon, Dífilo e Apolodoro representam a comédia nova. Mas muito se perde de sua obra pela precariedade de tradução. Plauto tem mais sucesso, pois nessa ocasião o teatro e escrita já não são puramente gregos a influência romana vem aproximando a literatura universal e o teatro do povo. As cenas burlescas e a língua do povo ganham espaço

Teócrito nos mostra que o grego não conheceu o romantismo o que era prevalente era o ideal de cidade. Surge o romance de cavalaria e de aventuras. A realidade grega conhece seu declínio absoluto. Plutarco deu ao mundo as últimas notas do pensamento do homem grego. E a partir desse momento, delineada com novos olhares, a literatura receberá o viés romano.

A igualdade civil e a democracia trazem o panorama do rompimento com a diretriz grega para então planear a assunção romana. As notas históricas nos indicam que a igualdade civil foi conseguida pela Lei da XV Tábuas em 451 a.C eis que a mesma é o força motriz da ruptura com o regramento grego. E para além de falarmos somente em leis estamos tracejando também o panorama literário.

Finalmente, o brilhantismo grego é notório. A transição para a escrita literária romana nos seduz com um panorama fabuloso. Fornecendo ao indivíduo, uma reflexão no que concerne aos valores e traços sociais. Indiscutível é o papel da arte e dos artistas através dos tempos. Notório é que a poesia, o teatro e a literatura são esteios daquilo que o ser humano tem de melhor.

Referências:

CICCO. Cláudio. História do Pensamento Jurídico e da Filosofia do Direito. São Paulo: Saraiva, 2007.

CARPEAUX, Otto Maria. História da Literatura Ocidental, vol I. São Paulo: Leya, 2012.

JAUSS, Hans Robert. A História da Literatura como Provocação à Teoria Literária. Tradução de Sérgio Tellarolli. São Paulo: Ática, 1994.

 

Taís Martins

Escritora, MsC, e professora.

Contato:  taisprof@hotmail.com

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LITERATURA e POESIA
Os caminhos da imaginação pela Escrita

Deixe seu comentário:

  • Denise Maria Mendes

    Com a clareza e a objetividade que lhe é peculiar, contornou com maestria a essência de cada pensador. O que teria sido do mundo sem a sensibilidade e os questionamentos desses grandes mestres que se perpetuaram por idéias até hoje discutidas?

  • GIULIANA ROCIO ALBONETI

    Excelente!

  • Andréa Arruda Vaz

    Quanta propriedade e sabedoria!! Parabéns!

  • Everson Brugnolo

    Excelente!