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NYNF()MANIAC
06 de fevereiro de 2014

 

            Acabo de voltar do Cinema Espaço Itaú do Shopping Crystal, Curitiba. Em primeiro lugar, o único lugar com a audácia para rodar o filme na cidade. Coragem pela diferença que o filme apresenta em relação aos “Block Busters” da vida, ao qual estamos tão acostumados e consumimos com naturalidade. Em segundo, pela chance de ser um alvo fácil e certo da crítica contra a moral e os bons costumes.

Tenho que dizer que saí de lá excitadíssima com o filme. E não no sentido sexual. Porque apesar do filme possuir dezenas de cenas de sexo explícito, onde os atores e dublês realmente atuam fazendo sexo várias e várias vezes, o filme NYNF()MANIAC não é um filme sobre sexo. Pelo menos, não para quem tem uma visão mais profunda do próprio mundo que habita.

            O filme começa e termina com trilha sonora de nada mais, nada menos que Rammstein. Bombástico. A história começa com um senhor ajudando uma mulher que aparentemente foi espancada na rua (não dá para saber ao certo o que se passou com ela). O senhor erudito leva a mulher para casa e cuida da mesma com comida e conversa. Ele se interessa pelo que aconteceu com ela. A mulher por sua vez afirma, que se ele quiser entender como ela realmente foi chegar ali, terá que ouvir a história de toda sua vida.

Assim segue a narração: Joe, a ninfomaníaca, começa a história desde a sua infância, quando descobriu sua “buceta” (palavra usada por ela) aos dois anos de idade. É forte do início ao fim. A personagem principal conta ao ouvinte sua vida em capítulos. O ouvinte, o simpático senhor, compara todas suas histórias sexuais à pescaria e à música. É simplesmente sensacional, apesar do exagero em alguns aspectos.

            Para àqueles que veem sexo como algo pecaminoso, por favor, um conselho: não assistam ao filme. Para aqueles que querem algo pornográfico ou erótico, também não é o caso. O filme é muito mais do que sexo e erotização ou pornografia.

 

            Isso porque apesar de toda explicitação com que o filme é mostrado, digno de filme europeu, com vulva e pênis de todos os tipos, eretos ou flácidos, jamais vistos em filmes americanos, o mesmo fala da dificuldade do ser. O diretor dinamarquês Lars Von Trier, o mesmo do filme Melancolia, surpreende.

            A história mostra, na verdade, quanta dor pode existir por trás de um vício, quanto vazio e insatisfação, quanta culpa na falta de sensibilidade. É delicado, profundo, intenso, marcante.

            O filme não é para qualquer pessoa. Apesar do nome chamativo, apelativo para a ideia do sexual, ele vai justamente em outra direção: humana, sofrida, frágil, existencial.

            Joe conta sua história ao senhor que não a julga em nenhum momento, pelo contrário, ele busca sua redenção. Uma mistura entre o presente, onde a conversa acontece e o passado, que está sendo contado. Entre uma realidade e outra, o que sobra é a expectativa curiosa sobre o que vem depois. Filme intrigante. Prende o bom espectador, do início ao fim.

            A história de uma mulher que transa até dez vezes por dia com inúmeros parceiros, mas que não sabe o que é amar, sentir. Sua visão mais próxima do amor foi a relação de filha que teve com o pai.

            O fim abrupto novamente ao som de Rammstein traz surpresa e satisfação pelo final, que deixa um gostinho de quero mais, com o doce sabor escrito na tela: Nynf()maniac Volume I, indicando que em breve vem o Volume II, ainda em seguida mostrando cenas ainda mais intensas e que suscitam a curiosidade sobre o próximo filme.

            Se você quer ver bem mais do que sexo, assista. O lado humano e sofrido de quem é obrigada a conviver com o vício do sexo por toda uma vida. Surpreendente, forte e delicado ao mesmo tempo. Inquietante e impactante.

 TRAILER de NYNF()MANIC 2014

 

 

CAROLINA VILA NOVA

ESCRITORA E ROTEIRISTA, de Curitiba.

Contato: focuslife@playtac.com

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  • Kelly Hamtza

    Bom dia mais uma vez parabéns Carolina Villa Nova e Focus Life por abordar o tema com sutileza e clareza...Um olhar atento e sem julgamento um filme com uma música e direção em harmonia e na verdade não seguimos uma vida puritana somos seres em evolução. Achei perfeita e muito emocionante a forma da escritora Carolina e não existe pecados...escolhas e dores sim...sexo com amor ou sem e é um filme de qualidade... Sucesso e vou assistir impecável sua descrição Carol sempre fazendo bem feito bjs!!!