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Paranoramas caleidoscópicos
22 de março de 2014

 

"Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo."

Pitágoras

 

A ebulição emocional não pode ser percebida pelos amigos e transeuntes. Alguns dias ou meses da nossa vida podem ser comparados aos filmes de ficção quando o planeta vai explodir e não sabemos o que fazer. Diante das indefinições diárias muitas lágrimas são consumidas pela alma.

Sobrevivemos entre as traições e os sonhos que insistem em não fenecer. O custo da alma e das nossas emoções rabisca nossas celeumas pessoais. Somos um encontro de fios, lâminas, adagas e pálidos escudos que impedem nossa morte, mas não excluem os nossos sofrimentos.

Amizades vazias de verdade, mas cravejadas por inúmeros interesses. Espíritos sombrios preferem furtar de nós aquilo que daríamos de modo gracioso. Afinal o prazer da partilha é mais sublime do que a dor da privação. São almas nunca gêmeas que afligem nossos sonhos e brindam de modo insistente pelo fracasso alheio.

Não trago mais lágrimas queixosas. O tempo endureceu os sentimentos. Penso que se ainda soubesse falar co’a menina que habitou minha alma eu poderia aprender a perdoar. Afinal ela seria capaz de trocar sorrisos por mágoas. No entanto minhas emoções são agora indolentes e não quero mais contar as histórias da minha vida.

Das pessoas que vi e que me procuraram mantenho uma distância segura. A rosa quase morta não busca a gota d’água. Há esperanças que é mais aconselhável mitigar. Executo os meus cumprimentos sempre cordiais e ofereço a máscara protetora que diminui o que sou e impulsiona o que a outra pessoa nunca será.

Meu discurso foge do modelo diametralmente imposto pelos meus pares. Não reproduzo os comportamentos. Eu os estudo e com o passar do tempo descarto aquilo que de maneira inefável me agride. Sinto a ampulheta do tempo rasgar as veias da minha impaciência e não deixo para o amanhã as despedidas de hoje.

Por entre as galas e no fervor das danças, escolhi um brilho mais pálido. Cansei de adagas levantadas contra as minhas conquistas. Afinal quem brinda comigo nem sempre conhece o custo do banquete. Razão pela qual a simplicidade é um escudo aprazível e reconfortante, pois o desconhecido promove um mínimo de cautela.

O riso infantil dos meus lábios é uma defesa para a perfídia que envolve os meus jardins e as minhas lindas flores. O belo nasce do esforço e do esmero e a erva daninha subsiste da maledicência infrutífera que não consome o que caça, mas o faz pelo prazer de ceifar o que não lhe pertencia.

Nos sacrifícios mais sutis escrevo meus alfarrábios. E tampouco importa a paciência dos meus interlocutores, pois nos dizeres do ilustre Machado de Assis: “Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os; eles fazem bem à alma e até ao corpo. As melhores digestões da minha vida são as dos jantares em que sou brindado”...

Não mantenho viva a falsa modéstia. Apenas por conveniência convivo com criaturas de potencial reduzido. E faço delas um contínuo aprendizado. Porém não mais desgastante como foi outrora. O tempo é mais valioso do que as respostas e do que as vinganças. Amealho o mais significativo do tempo... e aos poucos aprendo a esquecer e refazer o foco.

Garanto uma existência mais saudável dando o perdão para o demente. O pão para o faminto. O afago para os verdadeiros amores e a poesia para os meus algozes. Afinal há algo em nossos espelhos que mesmo singelo é vislumbrado pelo indivíduo ignóbil e esse de tudo fará para desvirtuar os momentos importantes da vivência.

A agonia já me devorou um dia. Mas nunca fui covarde e vil ao retomar as vinganças que me foram impingidas. Fechei as portas e desocupei os espaços. Afinal a dignidade sempre será a minha melhor bengala. O apoio buscado para o recomeço não se dá no pranto, mas pela tenacidade em crer no nascente com novos tons e beleza.

Nunca de joelhos e nunca vencida pela vertigem. Os desafios e os abismos nos convidam para a morte ou quiçá para uma nova vida. Dizem que há gozos no correr da vida e é por eles que seguramente persisto. Cativo novos perfumes sem perder a minha fiel essência. No calor das novas lidas, mantenho esperanças altas como asas que ganham o céu...

Taís Martins

Escritora, MsC, e professora.

Contato:  taisprof@hotmail.com

               focuslife@playtac.com

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Os caminhos da imaginação pela Escrita

Deixe seu comentário:

  • Tais Martins

    Obrigado Castilhos. A vida é sempre um presente. bjss

  • Tais Martins

    Meu querido Helio Olegário. O seu carinho é um bálsamos. bjs carinhosos. Tais

  • HELIO OLEGARIO DA SILVA

    Esta leitura deste texto proporcionou-me o acompanhamento visceral das ideias nele contidas. Namastê!

  • Marcos Castilhos

    Seus textos tem uma sensibilidade particular. Parabéns que nunca falte inspiração e apoio para suas empreitadas.