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Seres únicos
27 de setembro de 2013

 

Porque às vezes é tão difícil sentirmos afinidade por alguém? Mesmo que esta pessoa seja tão parecida conosco? O que nos aproxima dela? E o que nos afasta? Escolhemos aqueles que nos rodeiam? Somos escolhidos? Ou simplesmente atraímos as pessoas pelo que nós mesmos somos?

Ainda que nasçamos no mesmo dia e hora que outro alguém, reforçando as possibilidades astrológicas de que sejamos parecidos com este ser; qual a possibilidade de sermos iguais ou parecidos? Existem pessoas iguais? Histórias iguais? Eu creio que não.

Por mais que a astrologia tente explicar ou identificar semelhanças nos indivíduos a partir de seus dados de nascimento, percebo que minhas afinidades com as pessoas não estão relacionadas com estes dados ou tão pouco com laços familiares. Afinidade parece ser algo que vem da alma. Do nada, você olha nos olhos de alguém e sente enxergar a alma desta pessoa, quando não sente sua própria alma no olhar de outrem.

Me fascina o quão únicos somos neste mundo, quão única é a história de cada um de nós. Pois ainda que todos esses quesitos se assemelhem: data de nascimento, laços familiares, comportamento e personalidade, não haverá em lugar algum, alguém que tenha a mesma história, a mesma percepção de si mesmo e a mesma visão de vida ao seu redor.

O que quero dizer é que, ainda que eu encontre alguém com o máximo de características semelhantes às minhas, não há a menor chance desta pessoa ter a minha história, com as mesmas pessoas, experiências e trajetos.

Somos tão exclusivos e com percepções tão diferentes, que qualquer história se torna única. E cada ser humano se torna um mistério, algo fascinante e singular. Não existe história chata, história sem sentido ou sem razão. O que pode existir é uma percepção limitada de uma história, ou pior, uma percepção limitada de si mesmo.

Aprendemos com nossas próprias experiências e às vezes mais com as vivências alheias. Toda vida poderia virar filme, pois toda vida tem uma lição.

E se sentimos afinidade por alguém, deve ser por razões que ainda não estamos aptos a entender, quanto menos a explicar.

Afinidade é algo fascinante, pois podemos senti-la até mesmo por aquele que possui uma história distante da nossa. Podemos nos ver em características divergentes do que somos. Mas ela está lá, no fundo dos olhos, na percepção de um olhar.

Apesar de sermos únicos, há alguma coisa em cada um de nós que nos une: às vezes o amor, a solidariedade, a dor ou esperança. Somos raros, diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. Enormes no cada um e tão pequenos como um todo. Na nossa grandeza nos encontramos, cada um a si mesmo. E na pequenez nos achamos, uns aos outros.

Na alegria e na dor de ser o que se é. Na imensidão misteriosa do que somos. E além do que somos, a cada dia, a redescoberta de si mesmo, com uma história a mais, uma dor a mais, um amor a mais, ou então: um amor a menos, uma dor a menos, mas sempre um novo aprendizado. Engradecendo o que já somos. Aumentando as linhas de nossas histórias.

Afinidade pode vir num olhar, ou até mesmo numa palavra, num texto, num gesto. Indecifrável sentimento ou atração, que nos une ou nos separa.

Seres colecionadores de histórias, sentimentos e percepções. Num universo de possibilidades que nos torna especialmente únicos. A simples e difícil arte de ser humano.

 

CAROLINA VILA NOVA

ESCRITORA E ROTEIRISTA, de Curitiba.

Contato: focuslife@playtac.com

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