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SEXO na Rede
04 de setembro de 2013

 

            Há cerca de um ano atrás um velho amigo me contou uma de suas aventuras iniciadas no Facebook. Ele tinha acabado de realizar uma antiga fantasia sexual que começou através da rede: ir para a cama com duas mulheres. Ele narrou a história pra mim todo empolgado e disse: “O Facebook é uma revolução sexual!”. Na época eu achei um exagero, porque aquela experiência era dele, mas não significava uma regra geral.

            Muito tempo se passou e outro amigo meu foi pego pela esposa praticando sexo virtual com uma amante. O casamento acabou e hoje ele já se encontra em matrimônio com a nova parceira oriunda do mundo virtual.

            Também conheço um casal de jovens que morando em diferentes estados, usam a rede para aliviar a distância e a tensão hormonal.

            A verdade é que hoje percebo que meu primeiro amigo a afirmar que o Facebook era uma revolução sexual estava certo. A cada dia que passa, ouço mais e mais histórias sobre a sexualidade das pessoas no mundo virtual. Tornou-se algo tão natural, que parece já fazer parte da vida das pessoas. Não estou citando aqui as visitas solitárias à sites de pornografia, mas o encontro de pessoas que se gostam, que se curtem ou que simplesmente querem satisfazer seus desejos com outra pessoa que está longe dela.

            Se inicialmente a afirmação do meu amigo me soou exagerada, hoje me dou conta claramente da naturalidade com que o sexo virtual tomou conta da nossa nova sociedade. Pouco se fala sobre o assunto, mas muito se faz. Mesmo! Troca de vídeos e fotos mais que insinuantes, performances eróticas online, provocações de um modo geral que vão de acordo com a imaginação e o desejo de cada um.

Desconsiderando os perigos óbvios deste novo comportamento, como a superexposição e a imaturidade de muitos para lidar com tais situações, me pergunto até que ponto a rede toma conta da nossa vida real. Se o Facebook já é considerado um vício pelo simples fato de ser uma rede de notícias em tempo real de amigos, conhecidos e afins, o que se dirá do fato dele substituir ou acrescentar a vida sexual real? Será que estamos ficando loucos? Ou será que esta revolução sexual veio para ficar?

Sexo é sexo em qualquer lugar do mundo, independente de cultura, religião, raça ou classe social, o ato não muda, ou muito pouco. Somos todos iguais no instinto carnal. O que nos diferencia um do outro em relação ao assunto são os desejos e a forma de satisfazê-los. Há os que curtem o clássico “papai-mamãe” e vivem uma vida toda satisfeitos desta forma, sem experimentar qualquer coisa diferente disso. Há os que não suportam a mesmice na cama e partem para as fantasias, que vão das mais comuns às mais bizarras. Eu não julgo nenhuma. Se gosto não se discute, quem dirá então desejo? Cada um com seu prazer e fantasia.

Mas uma das últimas histórias que chegou ao meu conhecimento foi a seguinte: um rapaz que mantinha relações fora de seu namoro se aproveitou do momento em que sua namorada foi ao cabeleireiro para se relacionar virtualmente com outra. Aí inevitavelmente eu me questionei: “A namorada não satisfaz este jovem, estando ele com a pessoa errada?”, “Este homem gosta mais das outras, sejam quem for?”, ou ainda “O cara prefere o sexo virtual ao real?”. Eu não faço a menor ideia. Há a possibilidade dos três casos serem verdade, senão para este casal, para muitos outros.

Só sei que os encontros virtuais de toda temperatura podem se dar através de qualquer computador, tablet ou um simples aparelho de telefone. Se a velha escapadinha ou pulada de cerca já era temida pelos mais ciumentos e inseguros, imagine agora, onde a mesma pode ocorrer com alguns simples digitar de dedos ou cliques no mouse? Não temos apenas o Facebook como tal recurso, mas também o Skype, WhatsApp, além de aplicativos dentro das próprias redes sociais e sites específicos para tais intuitos.

Se no passado a “casa da luz vermelha” era motivo de motim entre as beatas e mulheres casadas consideradas de “bem”, o que será feito agora para se assegurar a fidelidade dos cônjuges mais propícios às tentações da carne?

Imagino como fica cruel e escassa a possibilidade de um relacionamento fiel para àqueles que consideram a fidelidade algo mais importante do que a honestidade e a lealdade. Que casais sobreviverão a tamanho avanço tecnológico na arte de trair?

Será que nós, pobres seres humanos, estamos avançando nossa psique e maturidade emocional e psicológica à mesma velocidade que o mundo virtual e todas as mudanças de uma comunicação globalizada?

Saberemos respeitar a privacidade alheia, passando por cima das inseguranças que esta nova era trás para as nossas relações amorosas?  

Saberemos mesmo diferenciar o amor real do amor virtual?

Muitas questões podem ser levantadas sobre este assunto, que provavelmente ainda é um tabu para a maioria, apesar de sua existência já real e natural entre tantos de nós. Se estamos preparados, não sei.  Só sei que meu amigo estava certo: o Facebook é uma revolução sexual!

Sabemos que hoje uma boa parte da nova geração de adolescentes tem trocado boa parte de sua vida real pela virtual. Menos se vive o dia-a-dia em função do vício da dinâmica e rapidez que a rede proporciona. Parece mais prazeroso se ter o mundo na ponta dos dedos e centenas de pessoas a seu alcance, do que se sentar à mesa com um pequeno grupo de pessoas ou se praticar um esporte entre amigos. Isso é tão claro, que mesmo nessas situações, muitas pessoas não conseguem desgrudar de seus aparelhos celulares.

Há explicações psicológicas para tal: a velocidade das redes sociais, a quantidade de informações e o ritmo com que tudo isso acontece, alimenta nosso cérebro como uma droga, pois nos causa um prazer imediato, seguido e repetitivo. Ao mesmo tempo em que nos cria a ansiedade por mais e mais.  

E se para sexo existe tantos tipos de fetiches e prazeres específicos, acredito que o sexo virtual já está se tornando um deles, o que para alguns virá a ser até mesmo uma preferência. Desafio para os demais, quando nossa carência física e emocional for obrigada a enfrentar a modernidade das taras virtuais. Quem quiser se manter atualizado, que tente também manter o equilíbrio e a sanidade mental entre o prazer primitivo e instintivo do corpo com o complexo e tão singular desejo de cada mente humana.

Pois é, o que antes era considerado tão simples e único também foi atingido pela rede. Só espero num breve futuro não encontrar pacote de “lua de mel virtual” à venda ou algo do tipo. Porque sexo bom mesmo, ao menos pra mim, ainda depende de uma boa e intensa “pegada”, e nada que o virtual possa substituir.

No mais, prazer é prazer. Cada um que escolha o seu!

CAROLINA VILA NOVA

ESCRITORA E ROTEIRISTA, de Curitiba.

Contato: focuslife@playtac.com

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  • Kelly Hamtza

    Bom dia li o artigo e achei maravilhoso...foi tratado de forma sútil mas real...Sinceramente cansei de ouvir de amigas e amigos que passaram por isso...uns estão casados e se conheceram no facebook e estão felizes. Não sou contra nada acredito que cada um pode escolher o que é melhor para si...estamos realmente perante uma revolução sexual e afetiva...sabemos que se antes ocorria traições em "inferninhos"...hoje o panorama mudou e sinceramente eu não sei como lidaria com uma traição numa rede porque não me importa se aconteceu realmente ou não e sim o sentimento. Eu gosto de ter amigos e tenho bons amigos mas não uso chats e etc para essa finalidade mas compreendo que muitos se sentem solitários e esse envolvimento acontece. Excelente artigo parabéns esse tema ainda é "tabu" mas é preciso ser falado e ter coragem para falar. Sucesso e coragem sempre. Kelly Hamtza...